quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Origami



Teus lábios são como uma rosa de papel
Se abrem ao toque dos dedos,
Sendo seus beijos segredos
Espremidos entre dois céus.

Tuas lágrimas são vasos transparentes
Que guardam tuas palavras no ar esvaídas
Como folhas dos sentidos caídas
Em teus olhos indulgentes.

Carregas o silêncio de uma gueixa;
Estampado em tua mascará o sorriso
Que encobre teu soluço de queixa...

Tua alma toda é um origami
Teus gritos dobrados em silêncio preciso
Em teus lábios sem nenhum reclame...

Nícolas Nunes

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Soneto

Que o fio de tuas lágrimas seja
Como a corrente perolada de um abajur invisível
Que ao puxar de teus olhos a tristeza que aí esteja
Acenda em teus lábios um riso indizível.

Que os raios de Sol nas curvas de teus cabelos
Descansem de suas formas retas e intocáveis,
E que mãos sensíveis possam colhê-los
Como trigos maduros de campos inalcançáveis.

Que teus vazios sejam como espaços
Que permitam a sua costura
Com a linha branca de teus braços

Que entram e saem dos abraços
Deixando pontos invisíveis de uma sutura
Que na própria carne fecha seus laços.