terça-feira, 21 de novembro de 2023

 

Teus olhos apertados são como lanternas

Japonesas que guardam a luz em seu interior

Iluminam a tua alma, e das camadas mais internas

Do teu ser projetam para fora a tua dor.

 

E essa luz que teu olhar aprisiona

Acende o delicado papel de tua pele

Em formas que teu gesto coleciona

Nas pontas dos dedos que ao carinho se revele.

 

Na mais profunda escuridão

É que teu corpo mais se acende;

Teu corpo de cera se desmancha em minha mão

 

E tua boca que é o pavio de teu desejo

Sem uma única palavra entende

Tudo o que digo com somente um beijo. 


domingo, 16 de julho de 2023

 

 

                                     Laís                 im

 

                                                Amor

 

                        O nome de cada pessoa é uma ponte

                        Que pode cair bem no fundo do coração.


Poema antigo, meio concretista que achei no meu email

segunda-feira, 15 de maio de 2023

 Assistentes sociais


No alívio da dor e das agruras

Elas tocam nas almas desassistidas

Com suas mãos guiam as mães perdidas

E com suas palavras aos corações levam as curas


Seu cuidado torna o sofrimento mais ameno

E a vida um pouco mais leve

Sabem que essa vida é breve

E que somos pó nesse mundo terreno


Mas sabem também que quando seca a lágrima

No solo de nosso rosto ressequido

E brota um sorriso mesmo que tímido


Seu papel está cumprido;

Pois nada ainda está perdido

Em seus corações de fátimas 



segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Sinestesia

O corpo como uma engrenagem, uma mêcanica newtoniana,
Cada nervo, cada músculo, cada impulso entrelaçados num mecanismo
Em que a pura vontade humana
Insufla como a palavra divina vida no organismo.

Ainda há tanto a se desvendar, e tão efêmera é a alegria;
Ver a mão antes trêmula ganhar alguma firmeza
O corpo convulso como um mar revolto se tornar calmaria,
As memórias apagadas da mente senil voltarem com alguma clareza.

Tanto efêmeras são tuas conquistas como intensas,
É como dar a luz de volta aos olhos de nossa alma
E recobrir das sensações imensas

Nosso corpo antes recoberto em silenciosa parestesia
Ao toque que ao corpo nos trazia calma
E ao coração a quase esquecida alegria...

terça-feira, 18 de julho de 2017

Clínica médica

Pensava antes que somente a cirurgia
Com suas mãos hábeis na sutura
Retirava do corpo a doença obscura
E retomava ao doente a alegria!

Mas o essencial? O essencial aos olhos é invisível!
Nossas mãos não cortam os corpos doentes
Mas penetram nas almas carentes
Tirando do sofrimento um riso imprevisível!

A clínica não é sobre farmacologia,
O médico não é feito de uma prescrição fria.
A clínica é sobre dignidade

É sobre o cuidado para além da doença
Poque cada doente é antes de tudo uma vivência
Sobre a nossa verdadeira humanidade.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016


Talvez

Talvez seja de um riso moldado em teu rosto de palhaço
Que sequem as tintas voláteis das lágrimas das crianças
Que ti apertam em seus pequenos membros num sutil laço
Amarrando nesse abraço a quase perdida esperança.

Talvez seja em teus dedos numa cirurgia delicada
Que pulsa um coração nas artérias que cobrem a máquina humana
Dos pensamentos que tua sutura irá segurar uma vida quase encerrada
Como quem com as mãos cobre uma pequena chama do vento.

Talvez, não sei, sejam as crianças o teu caminho,
Não dizia jesus: venham a mim as criancinhas,
Porque delas são o reino dos céus...

Mas essa é uma vereda em que se entra sozinho
Em que essas simples palavras minhas
Não conseguem tirar do mistério da vida seus véus.





Alice

Alice é a menina que pondera mais em outras alturas,
Pensam os clínicos que sua escrita é lenta
Mal sabem eles que a água que apascenta não é dada à tormentas,
No entanto, mata a sede do corpo e da alma sendo assim calma e pura.



Faz muito tempo que não posto aqui! Estou no internato de medicina e muita coisa mudou ou pouca coisa, não sei, até hoje, no 6, 7 e 8 período consegui me dedicar bastante, e acabei esquecendo ou esquecendo mesmo quase que por completo a leitura e a poesia, mas acho que mais por desorganização mesmo, porque muitas vezes não estudava tampouco escrevia. Enfim um pequeno quarteto se alguém ainda lê esse blog.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Soneto

Teu riso é um fruto de teus lábios abertos
Em que as sementes de teus dentes
São plantadas nos olhos incertos
Daqueles que ti vêem, mas permanecem ausentes.

São frutos que pendem de teu coração;
Fecundados das flores de tua alegria
Que florescem ao toque de um novo dia
Nas hastes de tua emoção.

E tuas lágrimas, são nada mais que águas
Que inundam teu rosto
Com as marcas passageiras de tuas mágoas

Revolvendo o solo de tua face
Deixando teu sorriso exposto
Despido de qualquer disfarce.

domingo, 3 de agosto de 2014

Por mais palavras que escrevesse para ela sempre me faltava o principal; não conseguia encaixar os silêncios de nossas bocas...
Nem percebi

Depois por meu tolo orgulho me afastei de ti, o que falei não era de
um todo verdade; não queria ti deixar desamparada, sem lugar para
aconchegar tua delicada cabeça ou para falar com tuas tantas vozes.
Talvez o outro me deixasse pertubado, outro que pudesse sorver de tua
boca mais que palavras, que pudesse ti aconchegar entre os braços e ti
alisar os cabelos como quem passa as mãos por sobre a água de um
riacho. Me senti deficiente, por ter que andar em tua direção com o
auxílio de minhas palavras, de ter que nos juntar separando-as.

Sim nem percebi;
Nem percebi teu riso, como um saco de pipocas, quando teus dentes
pulam de tua boca aos meus olhos.

Nem percebeste como queria tê-lo visto.

Nem percebi tuas lágrimas rolarem de tua face, lágrimas são como
bolhas que se esqueceram de voar, e por isso num voou suícida se
lançam de nossos rostos a tentarem planar no ar, por isso têm a forma
de um pará-quedas.

Nem percebeste como queria tê-las visto deslizar por sobre teu rosto.