quarta-feira, 8 de maio de 2024

 Um texto de 2008, que fiz em alusão a descaracterização da cidade que as faculdades do grupo Maurício de Nassau já faziam na época. 

Uns anos atrás dessa época fazia vários contos de comédia que acabei perdendo, eram contos bem criativos, e que me ajudaram bastante a desenvolver minha escrita. Preciso voltar a ler mais, para afiar minha escrita. Sem mais delongas é esse o texto:

Venho aqui expressar meu total apoio a causa de Joca Souza Leão que diz respeito a descarecterização do patrimônio cultural e histórico de Pernambuco, localizado no bairro da Capunga.

Descarecterização promovida pela faculdade Maurício de Nassau, e que tem consequências não apenas visuais, com a poluição visual causada pela repetição de suas cores pelas casas do bairro, tornando-o um panfleto publicitário de grandes dimensões. Mas pricipalmente o desrespeito a nossa indentidade histórica e cultural, que nós faz não apenas mais uma unidade federativa reconhecida em nosso país, mas uma unidade cultural, histórica e acima de tudo humana.

Pintar as casas de azul e amarelo afirmando que isso é uma das muitas cores que revestem símbolos nacionais como a bandeira nacional, é uma desculpa sem fundamentos. As cores nacionais dizem respeito a casa dos Hamburgos, que constitui a descedência dos monarcas do império brasileiro, e expressam tão somente isso. Não foram cunhadas no ardor das lutas, das revoluções que pontuaram nosso estado ora com a bravura dos heroís atribuídos nas batalhas, fossem elas corporais ou intelectuais, ora com a perda de extensões territorias como o estado de Alagoas.

Desrespeitar o contexto em que essas casas foram erguidas, é desrespeitar nosso passado histórico em função de interesses empresariais que em nada refletem os valores culturais de nosso amado estado. É manipular o passado, retirando parte de nossa história, é arrancar de nós as memórias que não foram escritas apenas em livros, que têm as letras como base, mas nas pedras de ruas como a Imperatriz que desapercebidamente folheamos sua história em nossos pés; nas casas coloniais que foram pintadas não com as tintas que molham os pínceis, mas com as tintas do cotidiano da época, com o rebuliço dos portos, com os passos dos escravos a carregar mercadorias pelas ruas estreitas ou largas do Recife.

Pintar as casas do bairro da Capunga, não é realmente pintar; mas apagar o passado histórico de nossos olhos, e aos poucos tirá-lo de nosso coração.