segunda-feira, 28 de março de 2011

Olhos fechados

Nem sei o que esses olhos podem dizer assim;
São tão singelos fechados, delicados como uma rosa,
Que a noite, como uma mãe de uma criança chorosa
A recolhesse em seus braços, e como um manto, velasse teu jardim!

Por tênue pétala, se esconde o néctar de tua retina;
Que a manhã espera paciente; para levar em cada olhar
A lembrança que vai junto ao sentimento em outra flor semear
A semente de uma mulher, fruto de uma menina...

Toca a tuas pétalas rubras, delicadamente a luz
Que faz cair de cada canto do jardim teu orvalho;
Lágrimas a escorrer até o solo de tua boca...

E fico eu a olhar imóvel tudo, em uma rústica cruz,
Enquanto tu ti abres como um anjo, e deixa minha voz rouca,
Ao saber que nem voz tenho, sendo um mero espantalho...

Nícolas Nunes

Um comentário:

  1. Se as palavras são a ausência do toque, busque o que tocar e logo terá sobre o que escrever.
    Melhoras! ;*

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