Tear ou da ausência
Os dedos não podem tecer o toque
Como um algodão doce que tua pele
Em suas pontas não se enrosque
E nas elipses de meus dedos se revele.
Não posso tecer com teus cabelos
Luvas; minha mão como tear sem fio,
Quer entre meus dedos prendê-los
E tece a si mesma com o vazio.
E se a distância teu corpo impede
De tê-lo nas vestes de meus abraços,
Aos teus olhos minha palavra concede
Que costurem em seus canteiros
A roupa que lhe cobre os cansaços,
A lágrima que se estende por teu corpo inteiro.
Nícolas Nunes Ferreira
Não posso vestir teu corpo, mas acabo dando a ti o mais
sincero vestido, o mais transparente de todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário