domingo, 3 de agosto de 2014

Tear ou da ausência

Os dedos não podem tecer o toque
Como um algodão doce que tua pele
Em suas pontas não se enrosque
E nas elipses de meus dedos se revele.

Não posso tecer com teus cabelos
Luvas; minha mão como tear sem fio,
Quer entre meus dedos prendê-los
E tece a si mesma com o vazio.

E se a distância teu corpo impede
De tê-lo nas vestes de meus abraços,
Aos teus olhos minha palavra concede

Que costurem em seus canteiros
A roupa que lhe cobre os cansaços,
A lágrima que se estende por teu corpo inteiro.

Nícolas Nunes Ferreira


Não posso vestir teu corpo, mas acabo dando a ti o mais
sincero vestido, o mais transparente de todos.

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