
O banco
Ninguém mais nele do tempo se ausenta;
Não mais olhares trocados em seu conforto,
Apenas a solidão o encontra, e senta,
Vendo ainda vida naquele banco morto...
Não mais à sombra dos sonhos os beijos
Se aconchegam no mais terno segredo
Que se contava no silêncio dos desejos
Das línguas que se calando falam sem medo...
Se perderam nos caminhos da indiferença
As mãos que antes percorreram os espaços
De nosso peito, preenchendo-o com sua presença...
É esse nosso próprio mundo, onde nossos abraços
Não conseguem mais fechar; e que a alma imprensa,
Quando nos deixa livres em seus imóveis braços...
Obs.: É na poesia que eu vejo toda a beleza da língua portuguesa, nas suas metáforas, nas formas e sonoridade das palavras. Quando visualizo a forma de um poema, sua silhueta que se delinea de linha em linha é que percebo o quanto nossa língua é robusta.
Talvez seja a poesia uma das expressões mais genuínas de nossa língua, aonde ela vai buscar seu ritmo próprio, sua natureza enfim. Foi aqui no Brasil que o concretismo surgiu com mais força; somos referência a respeito do nosso movimento mais genuíno no campo da poesia, que é tão desconhecido e desvalorizado pelos brasileiros.
É em nossa língua enfim que atapetamos o piso aonde nossa palavra vai pisar.