sábado, 1 de maio de 2010

O banco (imagem de Larissa Botto)




O banco

Ninguém mais nele do tempo se ausenta;
Não mais olhares trocados em seu conforto,
Apenas a solidão o encontra, e senta,
Vendo ainda vida naquele banco morto...

Não mais à sombra dos sonhos os beijos
Se aconchegam no mais terno segredo
Que se contava no silêncio dos desejos
Das línguas que se calando falam sem medo...

Se perderam nos caminhos da indiferença
As mãos que antes percorreram os espaços
De nosso peito, preenchendo-o com sua presença...

É esse nosso próprio mundo, onde nossos abraços
Não conseguem mais fechar; e que a alma imprensa,
Quando nos deixa livres em seus imóveis braços...


Obs.: É na poesia que eu vejo toda a beleza da língua portuguesa, nas suas metáforas, nas formas e sonoridade das palavras. Quando visualizo a forma de um poema, sua silhueta que se delinea de linha em linha é que percebo o quanto nossa língua é robusta.

Talvez seja a poesia uma das expressões mais genuínas de nossa língua, aonde ela vai buscar seu ritmo próprio, sua natureza enfim. Foi aqui no Brasil que o concretismo surgiu com mais força; somos referência a respeito do nosso movimento mais genuíno no campo da poesia, que é tão desconhecido e desvalorizado pelos brasileiros.

É em nossa língua enfim que atapetamos o piso aonde nossa palavra vai pisar.

8 comentários:

  1. nostalgia dos namoros nos bancos das praças...
    tristes bancos, agora, solitários....

    amei

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  2. Olá meu amigo! Clica neste endereço que tudo se resolverá. ;-)
    http://draft.blogger.com/rearrange?blogID=977675216835874520&sectionId=sidebar&action=editWidget&widgetType=BlogList&referrer=directory

    []'s

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Grande!
    Faz muito tempo que não desfruto da tranquilidade de ficar sentado a toa num banquinho de praça desses.
    Aliás, nessa correria louca que é viver em Sampa, nem cheguei a notar se este móvel existe por aqui.
    Mas este poema me fez recordar da cidadezinha que vivi no interior do MS, da pracinha simpática, e dos bancos cheios de pessoas dispostas a disperder um tempo conversando amenidades numa boa, dos namoros, etc...
    []'s

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  5. Aff... Fico até com vergonha de escrever, vendo você com vergonha desses errinhos de português... Eu erro e muito escrevendo na internet, e nos meus desleixos na vida real.

    Ah! E pode odiar poesia sim, no problems. Hoje tenho uma visão mais pluralista das coisas.

    Quanto ao seu recalque, e o não conseguir escrever poemas, também não ligue muito pra isso S.

    Há poetas como Drummond e Bocage que aproveitaram muito bem a vida amorosa e poética, e há os que como Oscar Wilde já escreveu que são "medíocres" por não saberem expressar em palavras a emoção intensa que viveram.

    Esses para ele, eram os melhores.

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  6. "No final das contas, há um pouco de recalque em mim por nunca, nem nas minhas paixonites de adolescência, fui capaz de fazer um poeminhas."

    Vou pegar esse mote teu e vou tentar depois fazer um poema; não prometo nada, nem em prazo nem se vou escrevê-lo mesmo. Mas vou tentar.

    Essas coisas efêmeras são bem legais; principalmente quando não deixam nada de perene escrito.

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  7. Não seria Bandeira? Manuel Bandeira?

    Acho que ti confundisses. De qualquer modo vou lê-lo.

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  8. Não curto muito Bandeira.

    Meu poetas preferidos são Drummond, Castro Alves, Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Cecília Meirelles.

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